Amigo/amor

Estava exausta desse peso do nada que estou carregando durante todo esse tempo, e para não chorar, decidi me deitar.

As vezes tudo o que precisamos é de colo, mas na grande maioria das vezes não achamos ninguém para oferecê-lo, então precisamos nos aconchegar sozinhos e sussurrar pra si que o mundo não é esse inferno que aparenta.

Foi com esse pensamento que deitei.

Sabe, estou cansada desse nada, tudo me é pouco, passageiro, menor, pequeno… e sempre acreditei que são os altos e baixos da vida que fazem da vida o espetáculo de fé e esperança que torna a humanidade digna de algum amor.

Foi nesse desejo de esperança de dias melhores que minha mente vagou para nós, sim, existe um nós, e acredite, isso me surpreende. Já nos imaginei como mais que amigos, já imaginei tantas vidas diferentes para nós. Mas sempre foi fantasia. Um sonho. Nunca percebi que era real, que meus sentimentos e desejos ao longo de todos esses anos foram reais, e que agora é só o momento em que estou cansada demais de correr e simplesmente parei de correr.

Do que eu estava correndo? Bem, é melhor dizer: atrás do que estava correndo. Corria para te alcançar. Acreditei que ver sua caminhada me bastava, mas durante mais de uma década eu estive correndo para te alcançar, para andar ao seu lado, para ser sua parceira.

Mas mesmo para os mais atletas, uma corrida de dez anos é um tempo pesaroso demais, e por isso estou deitada, cansada, exausta de um atletismo romântico. Meu corpo cansou de correr atrás de você.

O curioso é que só agora que estou no chão, consigo perceber que corri, e mais, só agora percebo o objeto do meu desejo, o que desejava ser meu prêmio. É estranho entender que durante anos me neguei a entender que sempre quis ser mais que sua amiga. É difícil acreditar que como num filme cliché, vivi na friendzone por todo esse tempo.

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